Nem Hendrix nem Mindú

Nos idos do ano de 1970 o Brasil foi campeão do mundo de futebol e isso serviu de alimento para anestesiar a alma brasileira que vivia uma ditadura cruel imposta pelos EUA em época da Guerra Fria contra o comunismo da antiga URSS.
O mundo ouvia Rolling Stones, Hendrix e Beatles e eu pescando jacundá as margens do transparente Mindú, um igarapé que circunda todo o Bairro do Parque 10 na então pacata Barelândia entronizada as margens do glorioso Rio Negro bem no Encontro das Águas, onde o Negro se enrosca com o Solimões virando o Amazonas.
Cresci vendo a cidade explodir em favelas nos anos 70 e 80 de uma forma caótica e sem noção.
Passei a ouvir Rolling Stones, Hendrix e Beatles e queria ser caótico e sem noção também.
Vieram as drogas, o sexo e o rock n’ roll e os anos da Geração Coca-Cola com a musica do Renato Russo de fundo.
O Mindú viu meu primeiro porre e minha primeira transa enquanto eu o vi morrer.
O jacundá, um peixe arisco, belo e sensível ao homem branco e sua poluição, sumiu do Mindú. Hoje só tem tilápias, um peixe africano, carnívoro, introduzido no igarapé graças ao descaso de criadores de peixes que o importaram da África e deixaram vazar algumas espécies.
Os condomínios passaram a jogar sua bosta e outros dejetos no igarapé e hoje ele virou um esgoto a céu aberto.
Depois de tanto tempo, hoje dou minhas caminhadas matinais no Passeio do Mindú, um arremedo de parque as margens do igarapé cercado de condomínios classe média.
Olhando para ele e ele olhando para mim.
Esse caos desnecessário poderia ser evitado.
Ainda há tempo de diminuir essa judiação.
Sonhar não custa nada.
Bem mais barato que o preço do condomínio que insiste em jogar merda todos os dias no pobre Mindú.

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