Engarrafamento é coisa chic


Manaus já pode ser chamada de metrópole. Somos que nem São Paulo, Rio, Nova York. Se vacilar nosso engarrafamento é maior. Dá para ver a cara de prazer dos nossos caboquinhos dirigindo seus automóveis, presos nos intermináveis engarrafamentos que nos enchem de orgulho, nos fazendo sentir parte da modernidade, da inserção global, do progresso. Dá prazer ver a cara de orgulho dos nossos nativos pilotando lentamente, languidamente seus automóveis reluzentes, querendo esquecer as canoas que até pouco tempo os levava para os rincões amazônicos. Tanto que até dirigem carros como se fossem canoas, ao sabor do remanso.
Agora com os viadutos prontos é uma felicidade! Poder ver o mundo do alto, aos seus pés, e de lambuja de dentro dos seus brinquedinhos poderosos.
Como pedestre e despeitado que sou, tenho que andar pelas ruas sem calçada porque rua é só pra carro, e entrar em ônibus lotado e ser contaminado pela plebe rude e suas demandas e comentários sem sentido. Xingamentos contra semáforo surdo que demora eternidade para abrir, contra o motorista que não passa por cima dos carros menores parados na frente, contra o guarda de transito que supostamente é quem controla os semáforos e fica parado com cara de lezo, contra a velhinha lenta que demora para subir pela frente no onibus sem pagar. O motorista só ouvindo Calypso com seu pen drive que toca mp3.
Uma senhora com cara de pobre me fez uma pergunta. "Pra onde esses carros todos vão?". Fiquei sem resposta. Eu acho que eles não sabem, nem eu. Mas que vão, vão. E eu vou continuar achando engarrafamento coisa chic

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