WIKILEAKS: O SERRA, A GLOBO E A VENDA DO PRÉ-SAL


Por Paulo Henrique Amorim

Uma das notáveis vantagens do Wikileaks – que o Bonnner chamava de uaiquiliquis – é que ele confirma as suspeitas.
O Conversa Afiada sempre suspeitou que por tras da loucura do Padim Pade Cerra havia uma lógica.
A Bolívia é a responsável pelo consumo de cocaína nos Jardins, em São Paulo.
Fechar o Mercosul.
Colocar o ataque ao Irã no centro de uma “política” externa.
Qual a lógica desse bestialógico numa campanha eleitoral ?
A Bolívia enfrenta os Estados Unidos e não deixa instalar lá uma força tarefa “colombiana” de combate ao tráfico.
O Mercosul forte é a alternativa brasileira à Alca dos Estados Unidos.
O uaiquiliquis demonstrou que o Irã é o centro da política externa americana.
Ou seja, a lógica do Cerra na campanha era a lógica da política externa americana.
Não havia loucura nenhuma.
Como sempre houve lógica no entreguismo do Cerra.
Na defesa dos contratos de “concessão” do pré-sal, contra os de “partilha”.
É o que demonstra agora o uaiquiliquis, de forma lapidar (de “lápide”, “túmulo”):
“… novas rodadas (para explorar o pré-sal) não vão acontecer…
“… o modelo antigo (de “conceder”, “dar”) funcionava…”
” … mudamos de volta …
E diz a interlocutora, a funcionária da Chevron, membro do Instituto Brasileiro (?) de Petróleo:
” … as regras sempre podem mudar depois …”
A Dilma teve a percepção correta na campanha: essa eleição era sobre o pré-sal.
E a próxima eleição também, segundo a privilegiada funcionária da Chevron, que trata de graves assuntos, com tanta intimidade, com um candidato à Presidência do Brasil.
Como se isso aqui fosse um quintal.
Um Porto Rico – grande.
Para ela, a funcionária americana subalterna, depois a gente muda isso …
A gente: a Chevron e o PSDB do Davizinho e do Cerra.
O uiquiliques tem essa vantagem: confirma tudo.
Alguém tinha dúvida de que o Nelson Johnbim fosse um trêfego – como dá a entender o telegrama do embaixador americano ?
Ele, Nelson Johnbim que, no passado, já demonstrou não estar muito convencido de que o Brasil mereça ter 200 milhas territoriais – e, logo, direito ao pré-sal.
Alguém tinha alguma dúvida de que o Cerra é entreguista ?
O que será que eles dois discutiam – Cerra e Johnbim -, quando dividiam o apartamento funcional da Camara, em Brasilia ?
Como vender a Floresta Amazônica à L’Occitane ?
O Pão de Açucar ao Trump ?
Itaipu à Disney ?
Johnbim e Cerra fazem parte da mesma matriz ideológica do Farol de Alexandria, o pai da Teoria da Dependência: não adianta espernear porque seremos sempre dependentes.
Só que o Farol dá menos bandeira.
O Johnbim e o Cerra são mais “unusual”, como diria o Embaixador americano do Johnbim.
“Trêfegos”, pode ser a tradução.
O centro a questão brasileira é o pré-sal.
A indústria de equipamentos.
O domínio da tecnologia para fazer máquinas que explorem o petróleo em águas profundas.
Todo país que cresce é petroquímico-dependente, disse Dilma.
O ponto é: e de quem deve ser o pré-sal ?
Da Chevron ou do povo brasileiro ?
O resto é o luar de Paquetá, diria o Nelson Rodrigues.
E, como “depois a gente muda isso”, essa pergunta permanecerá por muitas eleições no centro da política brasileira: nós ou a Chevron ?
A Petrobras ou a Petrobrax ?
Só que o Padim Pade Cerra não é o maior dos entreguistas.
Como também não foi Roberto Marinho, que invariavelmente defendeu os interesses das chevrons, contra a Petrobras.
Como, hoje, os filhos do Roberto Marinho – eles não tem nome proprio – escondem – segundo o Stanley Burburinho – que o Cerra ia mudar o pré-sal para a Chevron.
Roberto Marinho, como os filhos, hoje, são sardinha nesse jogo de peixe grande.
O maior de todos os entreguistas foi o Carlos Lacerda.
Esse, sim, tinha talento e esteve muito perto de entregar o ouro aos bandidos.
Lacerda tinha consistência.
Não tinha escrúpulos – como o Cerra -, mas tinha Norte.
O Padim Pade Cerra, não.
Esse é um desnorteado.
Todavia, não é maluco.
A loucura dele tem lógica.
Mas, como diz o Brizola Neto, quem nasceu para Serra nao chega a Carlos Lacerda.
A Chevron acaba de descobrir isso.

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