Enfim um reveillon sóbrio


Comecei a beber aos nove anos de idade em um revellon na Rua Lauro Muller no bairro da Urca no Rio de Janeiro na casa de tias. Eu e um primo roubamos uma garrafa de vinho barato de cima da mesa farta e fomos beber com outra prima da mesma idade no vão da escada do prédio. Depois a família toda foi ver queima de fogos na Praia Vermelha e eu bêbado pra caralho. Gostei tanto da sensação que não parei até o dia de hoje, meu primeiro revellon sóbrio aos quarenta e oito anos de idade. Resolvi passar com meus pais o primeiro ano novo completamente de cara e não achei ruim, descobri ao acaso as delicias da sobriedade, e como estou na casa deles espero que não seja só mais um surto de sonso. Para passar o tempo resolvi conversar inutilidades com amigos pela rede. Encontro uma amiga de Manaus que tem alma de ema, feminino de emo, odeia alegria e principalmente alegria histérica coletiva de fim de ano, portanto fica em casa mais deprimida que o normal, falando mal da grande bobagem que é ficar feliz por passagem de ano. Enche a cara sozinha e quando bate a lombra ela cria coragem e cai na gandaia até de manhã também e me deixa sozinho no MSN com outra amiga de Santos que trabalha com hair design, uma nova profissão antes chamada de cabeleireira. Ela me conta que passou o dia 31 todo fazendo cabelos de clientes e todas, exatamente todas pediram para fazer chapinha. A louca está as gargalhadas bebendo sozinha em casa por estar caindo o maior temporal na praia da festa do revellon, ou seja, a chapinha dançou. Convidei-a pra fazer sexo virtual na cam, ela me mandou cagar pois está de namorado novo. Enquanto isso tento esconder as garrafas de vinho da casa, da minha irmã alcoólatra que bebe feio e chata pra cacete, apesar de ser meiga, generosa e adorável enquanto sóbria. Já usei todos os esconderijos, só faltam minhas partes intimas, mas dá não! Uma trouxinha pra passar no aeroporto ainda vai. Enquanto escrevo, meus pais lindos e velhinhos passeiam insones pela casa espalhando amor. Que bom eu estar sóbrio pra poder sentir isso. Como sou dado a vícios grandes, poderosos e perigosos, posso acabar me viciando nesse. Sobriedade.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Quem diria, a Sandy gosta de sexo anal

Clodovil e o mito dos dois caixões

Deputada Mirian Rios quer proibir o sexo anal... dos outros.